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domingo, 23 de outubro de 2016

#CantinhodaCultura

Caio Fernando Abreu
brasilescola.uol.com.br
Dramaturgo, romancista, cronista, contista e poeta. Caio Fernando Abreu, um dos mais populares e importantes escritores da Literatura brasileira, mas a verdade é que ele também possui uma obra poética, obra pouco conhecida e explorada. Consagrado por sua prosa, Caio transitou por diferentes gêneros, mas a poesia manteve cuidadosamente guardada em diários por achar que elas não possuíam valor literário.
Basta ler um único poema para perceber que o escritor, conhecido por seu perfeccionismo, estava errado. Embora sua prosa seja altamente poética, os versos escritos por Caio exprimem sua veia lírica de maneira incomparável. Assim como tudo que escreveu, os poemas do escritor que é altamente parafraseado nas redes sociais são viscerais e tratam de assuntos que permeiam toda sua obra, como o amor, a dor, a paixão, a solidão, a morte, o desejo, entre outros, sempre abordados por meio de uma linguagem transgressora e muito próxima da coloquialidade.
Os poemas permaneceram inéditos durante dezesseis anos, quando enfim foram publicados. Infelizmente, o livro Poesias nunca publicadas de Caio Fernando Abreu, que compila cento e dezesseis poemas escritos entre os anos de 1960 e 1996, ano de sua morte, está fora de catálogo, mas deixarei alguns trechos desse livro para vocês aproveitarem e se afogarem nas belas palavras de Caio Fernando Abreu. Boa leitura!
Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.Eu prefiro viver a ilusão do quase, quando estou "quase" certa que desistindo naquele momento vou levar comigo uma coisa bonita. Quando eu "quase" tenho certeza que insistir naquilo vai me fazer sofrer, que insistir em algo ou alguém pode não terminar da melhor maneira, que pode não ser do jeito que eu queria que fosse, eu jogo tudo para o alto, sem arrependimentos futuros! Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo, que com a certeza de ter acabado em dor. Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!


Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'.


E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.


Evelyn

Equipe Blog do Maurício

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