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domingo, 23 de agosto de 2015

#CantinhodaCultura

       Folclore
Dia 22 é comemorado o Dia do Folclore. Mas você realmente sabe o significado desta data? 
 Então acompanhe a matéria e descubra! 
O termo folclore nasceu na Inglaterra praticamente junto com a Antropologia, na segunda metade do século 19 – época em que o Império Inglês vivia em plena expansão. Ao contrário do que fizeram os dominadores do século 16, que usaram seus mitos, por meio da cultura e da religião, para justificar a dominação das colônias, no século 19 recorreu-se à ciência para promover a aculturação. 
A Antropologia surgiu para estudar os povos chamados “primitivos” de fora da Europa. Mas os “primitivos” da Europa – camponeses e artesãos – também precisavam ser conhecidos, apreendidos e dominados. A palavra folclore surgiu, assim, para estudar os costumes e os valores dos povos que, dentro da lógica antropológica, eram cidadãos de segunda categoria. O sentido era tirar deles o que tinham e usá-los como instrumento de apropriação e dominação. Então, essa palavra traz consigo a característica de tomar o outro como desigual. No Brasil, os estudos de folclore começaram a ser realizados no início do século 20, e nossos intelectuais da época usaram isso como instrumento para estudar “os outros” – o estranho, o de longe, o da roça, o negro, o do meio do mato, o analfabeto. Todo esse ranço de discriminação infelizmente está aí até hoje.

Como podemos definir hoje o que é folclore?

O folclore é a cultura popular tradicional, que se mantém pela tradição. As pessoas aprendem no fazer, dando resposta às suas necessidades.
 Imagine que um indivíduo teve uma necessidade de qualquer natureza: ele estava com fome, pegou uma fruta e comeu.
 Ele pôs na boca, porque achou que aquilo ia matar a sua fome. Com isso, descobriu muitas coisas: que tinha sabor, que era prazeroso, etc. Ou então que matava a fome, mas que dava dor de barriga. É ação e reação imediata. A partir de uma necessidade, ele precisa de uma resposta. Se essa resposta funcionou uma, duas, três vezes, você passa a usá-la. Isso chama-se uso. ‘Eu uso isso quando tenho tal dor’, por exemplo. Esse uso individual e rotineiro vai se constituir em um hábito. Quando isso sai do âmbito individual e vai para a coletividade da família, do grupo, esse hábito vira costume, porque deixou de ser uma resposta individual para ser do coletivo. As pessoas sabem que comer tal coisa funciona ou não, e repassam isso. Com o tempo, essas coisas vão sendo passadas e incorporadas e assim viram tradição.
E a tradição não é algo do passado, é contemporânea, é o que você vê hoje, o que chegou aos dias atuais.
 As produções contemporâneas podem virar folclore?
 Sim. Vamos pensar na questão dos ritmos musicais do Brasil. Qual é a possibilidade de os axés um dia se transformarem e virarem cultura popular? Esse processo é resultado da apropriação e da incorporação como valor pelo povo. Isso já ocorreu com outros elementos que vieram de uma produção de elite – a valsa, por exemplo, que se transformou nos xotes populares, na dança. O mesmo aconteceu com outros tipos de música como o xaxado, as modas de viola.
Há um processo de apropriação do popular e, se fizer sentido, cria-se um valor nisso para aquela gente. Ao mesmo tempo há o artesanato tradicional, por exemplo, que atende a determinada função, mas que vai mudando.
Em função do tempo que passa, da modernidade, certos elementos vão sofrendo alterações. Alguns se mantêm, outros não, e surgem novos. Por isso, as produções contemporâneas podem virar folclore um dia.
Trata-se de um processo que fica cada vez mais complexo, ainda mais se consideramos a atual velocidade e facilidade das conexões imediatas da internet e as informações vindas de toda parte do mundo.

 Entrevista feita com o educador Tião Rocha, fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento.
 http://www.cpcd.org.br/portfolio/tiao-rocha-fala-sobre-folclore-e-cultura-popular/
 
                      
Toda forma de costume é uma tradição.
 O que você aprendeu e continua passando para outra geração? 
Equipe Blog do Maurício 
Evelyn



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